Lilliane Zanin

Sobre a autora

Neurociência e a Dependência Afetiva
17/04/2024 às 21h45

Voltando os olhos ao mundo grego antigo, é possível encontrar no conceito de (pathos) a ideia de paixão, entendida no âmbito da filosofia helênica como raiz dos males e da infelicidade do homem, devendo, pois, ser moderada e dominada pois, a complexa relação emoção–razão tornou-se recorrente no pensamento de diferentes filósofos, os quais formularam concepções, as mais variadas, para explicar as origens e o papel das emoções na condição humana.

A “natureza” das emoções é um dos temas arcaicos do pensamento ocidental, sendo tematizada em diferentes manifestações da cultura como a arte, a religião, a filosofia e a ciência, desde tempos imemoriais. Nos últimos anos, o avanço das neurociências possibilitou a construção de hipóteses para a explicação das emoções, especialmente a partir dos estudos envolvendo o sistema límbico.

As emoções mais “primitivas” e bem estudadas pelos neurofisiologistas com a finalidade de estabelecer suas relações com o funcionamento cerebral ,são a sensação de recompensa (prazer, satisfação) e de punição (desgosto, aversão), tendo sido caracterizado, para cada uma delas, um circuito encefálico específico. O “centro de recompensa” está relacionado, principalmente, ao feixe prosencefálico medial, nos núcleos lateral e ventromedial do hipotálamo, havendo conexões com o septo, a amígdala, algumas áreas do tálamo e os gânglios da base.  

 O “centro de punição” é descrito com localização na área cinzenta central que rodeia o aqueduto cerebral de Sylvius, no mesencéfalo, estendendo-se às zonas periventriculares do hipotálamo e tálamo, estando relacionado à amígdala e ao hipocampo e, também, às porções mediais do hipotálamo e às porções laterais da área tegmental do mesencéfalo.

  O pensar parece ser em grande parte uma sintonia entre a fantasia inconsciente, as captações sensoriais aferentes (o cérebro não sobreviveria sem o corpo) e os engramas (memórias) estabelecidos no decorrer da vida .A pessoa dependente costuma ter baixa autoestima e pouco apreço por si mesma. Ela corre atrás de outros indivíduos para preencher o vazio emocional dentro dela. O outro assume a responsabilidade de completá-la e, quando isso não acontece, ela faz uso da persuasão para convencê-lo a ficar ao seu lado.

  Geralmente a dependência afetiva está ligada a um passado seja na infância, na família, a falta de afeto, segurança ou em um relacionamento afetivo que não deu certo o que causa internamente uma sensação de vazio imenso e que a pessoa acredita que necessita do outro para se manter viva e para ser feliz, a quem diga que a dependência afetiva é uma forma de amor. Mas é um grande engano, pois ser dependente já é uma falta de amor, mesmo que este amor seja com si próprio, o problema é que nem todo dependente tem consciência da própria dependência e portanto a enxerga como uma forma de amor.  

Para deixar de ser dependente afetivo, precisa trabalhar o passado, destruir crenças limitantes, tabus, melhorar a segurança e a autoestima, e o mais importante, resgatar a importância da sua existência, através da psicoterapia.

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